Presente e futuro das fintechs no Brasil: um papo com as autoras do livro “Brasil Fintech”
Segundo dados do relatório “Fintech Mining Report 2021”, da Distrito, o Brasil já conta com 1.158 negócios desse modelo, divididos em soluções voltadas para meios de pagamento, serviços digitais, crédito, finanças pessoais, entre outros.
Esse levantamento também destacou o fato de se tratar de um mercado majoritariamente formado por idealizadores do sexo masculino.
Essa constatação coloca as fintechs como as empresas com maior desigualdade de gênero, cujo quadro societário geral é formado por 87,30% de homens e apenas 12,70% de mulheres.
Outro relatório da Distrito, o Female Founders Report 2021, apontou a participação das mulheres no ecossistema de inovação brasileiro. No estudo, foi identificado que somente 4,7% de todas as startups foram fundadas exclusivamente por elas, e que apenas 5,1% têm como fundadores ambos os sexos.
Ainda que sejam percentuais extremamente baixos, há muitas profissionais e vozes femininas nesse setor que estão fazendo a diferença e têm muito a acrescentar a esse ecossistema.
Jihane Halabi, Bianca Lopes e Mareska Tiveron são coordenadoras do livro “Brasil Fintech”, e reuniram 31 mulheres para falarem sobre o mercado financeiro de pagamentos e de varejo nessa obra.
Jihane Halabi é advogada e sócia-fundadora do Halabi e Chang, e especialista em regulamentação bancária. Bianca Lopes é economista, empreendedora e referência em identidade digital. Mareska Tiveron, especialista em risco e compliance.
Juntas, elas conversaram com Amanda Assis, Gerente de Marketing de Produtos da Zoop em um novo episódio do Papo na Nuvem, podcast da fintech líder em tecnologia para serviços financeiros que fala sobre tecnologia, inovação e serviços financeiros, com o apoio da Visa.
Confira, agora, os principais pontos deste bate-papo.
Como surgiu a ideia do livro “Brasil Fintech”?
“A ideia do livro surgiu da necessidade de consolidar um conteúdo especializado com diferentes perspectivas em um mesmo lugar, e de propagar e representar as vozes das profissionais que estão construindo um Brasil fintech”, destaca Mareska.
Para a especialista em risco e compliance, Mareska Tiveron, coordenar esse livro foi uma experiência incrível, que começou com a grande oportunidade de trocar vivências entre mulheres desse setor:
“Nós conseguimos reunir 31 das profissionais mais admiráveis do mercado de fintech, que toparam dedicar parte do seu tempo para construir com a gente um livro multidisciplinar, com conteúdo de altíssimo nível. Eu realmente estou muito orgulhosa do nosso trabalho”.
Qual o ponto de vista das coordenadoras do livro sobre o posicionamento das fintechs as a service?
Jihane Halabi respondeu esse questionamento dizendo que o setor das fintechs do Brasil vive o seu melhor momento, principalmente em termos de incentivo, estímulo ao surgimento de novos negócios desse modelo, e do crescimento das já existentes.
“A tecnologia, cada vez mais inserida no sistema financeiro, vem sendo estimulada pelos consumidores devido à globalização, às novas exigências de cliente bancário, mas também pela pandemia, que fez com que passássemos do presencial para o mundo digital forçosamente.
As fintechs também são agraciadas por esse aumento de adesão à tecnologia no serviço financeiro por já nascerem com tecnologia em seu DNA atrelada ao produto bancário, diferentemente das instituições tradicionais.
Outro ponto positivo é o posicionamento do próprio regulador. O Banco Central tem uma agenda expressa e declaradamente incentivadora da competitividade nesse mercado, promovendo maior concorrência, maior oferta de soluções e menor custo para o usuário final.
Por fim, temos a inclusão financeira, que também é um dos itens da agenda #BC do Banco Central e estimula novos entrantes no mercado.
As fintechs conversam e têm mais proximidade com determinado público, ao contrário de players maiores e tradicionais que ainda apresentam dificuldade de chegar e acessar grupos específicos.
Por tudo isso, as fintechs as a service são tão bem-vindas, considerando que a tendência é que muitas instituições, inclusive marketplaces, passem a oferecer produtos e serviços bancários personalizados para os seus clientes.”
Aproveite e leia também: “Relação entre fintechs e Banco Central e o impacto no futuro dessas empresas”
O que esperar do futuro das fintechs e do setor financeiro nacional?
Bianca Lopes crê que o mercado financeiro brasileiro possa estar passando por uma “crise de identidade”.
“Acho que se, a gente vai aceitar ela ou não, cabe a nós que atuamos nesse setor. Considerando o papel do banco ou instituição financeira tradicional, podemos passar horas debatendo a legislação e uma maneira de regular as atividades e os produtos. Mas acredito que é mais importante o valor perceptível para o cidadão comum.
Ter discussões — e é isso que trouxemos no “Brasil Fintech” — ajuda pessoas atuantes no mercado a contribuir para que os grandes bancos e empresas olhem isso e digam: ‘Beleza, qual o valor desse ponto para a sociedade?’
Esperamos um mercado mais competitivo, mais inclusivo, verdadeiramente aberto, no qual as opiniões tragam uma oportunidade de resolver essa crise de identidade que o setor financeiro tem”.
A sócia-fundadora do Halabi e Chang, Jihane Halabi, completa: “Concordo que um banco deve ser muito mais que apenas um cardápio de itens e preços.
O Open Banking conversa com isso e já é uma realidade. Aplaudo a coragem do Banco Central de já promover a inclusão do sistema financeiro aberto e de tornar o usuário e o consumidor de serviços financeiros o titular dos seus dados, empoderando-os sobre o seu currículo financeiro de uma vez por todas.
Atualmente, já vemos o Brasil mirando essa nova realidade, na qual o Open Banking desmistifica processos, traz mais agilidade, menos fricção e mais liberdade e poder para o consumidor bancário, o cliente final”.
Dica de leitura: “Fim do monopólio bancário: como as fintechs e o Open Banking reforçam essa trajetória?”
Esses foram apenas alguns dos assuntos abordados entre a Gerente de Marketing de Produtos da Zoop e as coordenadoras do livro “Brasil Fintech”.
Elas também falaram sobre Banking as a Service e a colaboração na desburocratização do sistema financeiro, dos desafios que ainda precisam ser enfrentados por essa solução, mas também das suas possibilidades e oportunidades.
Outros temas debatidos foram processo de digitalização dos brasileiros e o reflexo no setor bancário, Cross Border do ponto de vista tecnológico e regulatório, e muito mais.
Acesse agora mesmo o conteúdo, na íntegra, e confira a entrevista completa!
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